segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Capítulo 2. School? Why not?


Tateio a cama em busca do meu celular e quando encontro o mesmo, pulo de susto. Oito horas da manhã. Precisava voar. Entro no banho de qualquer jeito, visto um jeans, coloco um espatilho rendado preto, um cardigan cinza por cima, um coturno preto com pregas. Faço uma maquiagem básica, um olho de gatinho, um blush e um gloss. Jogo todas as tralhas precisas dentro da minha bolsa, pego a chave do carro e meu violão. Quando abro a porta me surpreendo com Kurt prestes a bater na mesma.
- Bom dia - diz ele sorridente.
- Bom dia! E aí? - retribuo o sorriso.
- Eu ia te entregar esse pedaço de bolo como boas vindas, mas vejo que você está atrasada, aliás, eu também estou, então é uma passada bem rápida - Assenti e peguei o pote que acolhia o pedaço de bolo.
- Muito obrigada! Está atrasado pra quê? - pergunto enquanto entramos no elevador.
- Escola… Perdi o horário…
- Onde vocês estudam por aqui? Estava saindo para procurar uma escola mesmo…
- McKinley School.
- Quer uma carona?
~~~~~*~~~~~
Estaciono o carro no imenso estacionamento da escola. Kurt sai do carro fecha a porta e sai andando. Saio também, tetando alcançá-lo.
- Ei! - grito e Kurt olha para trás. - Obrigada! - Kurt assente.
Observo Kurt desaparecer na multidão da entrada. Desligo meu carro e vou pedindo informação até chegar a secretaria.
- Olá, bom dia! Diretor Figgns, prazer - diz o homem calvo atrás de uma mesa comprida estendendo sua mão e esperando eu apertar a mesma. Comprimento e me sento.
- Alexis Carlsson.
- Em que posso ajudar?
- Gostaria de me matricular.
- Cadê seus responsáveis?
- Eu praticamente não tenho pais.
- Isso é um absurdo? Como você vai pagar essa escola? Com a sua mesada? Você é uma criança. Me desculpe.
- Eu posso pagar.
- Não, você não pode. Seus responsáveis sabe que você está aqui?
- Já disse que não tenho pais.
- Como assim? Seus pais te colocaram pra adoção e ninguém te quis?
- História longa. - Digo e abaixo a cabeça para soltar um sorrisinho.
- Acho que eu tenho tempo suficiente para ouvir.
Explico tudo para o diretor Figgns. Como vir parar aqui, minha relação com meus pais, minha vida, o status da minha família, minha condição financeira. Em menos de meia hora já lhe contei praticamente tudo em um ótimo resumo.
- Você pode começar hoje. - diz Figgns e minha boca se abre automaticamente. - Boca aberta entra mosca.
- Você não tem noção de como você me ajudou. - Me levanto e ele arrasta um pedaço de papel em minha direção.
- Seus horários.
- Obrigada mais uma vez.
Saio da sala do diretor com um sorriso de orelha a orelha e encaro meus horários. Biologia. Ual, começo meu dia muito bem.
Estou a procura da minha sala enquanto passa um exército de meninas com a mesma roupa, um uniforme vermelho escrito “Cheerios”, uma atrás da outra como se fossem liderar o mundo, a primeira da fila, loira dos olhos claros e expressão debochada me encara enquanto passa e sussurra alguma coisa para a morena com um olhar fatal que está do lado dela. As encaro de volta até que elas desviem o olhar. Quando volto minha atenção para frente, me deparo com uma pilha de livros.
- Mil desculpas! - digo enquanto pego os livros da pessoa de quem derrubei os mesmos, levanto o olhar e me deparo com um Deus de moicano.
- Sem problemas. Noah Puckermann - diz o mesmo estendendo sua mão pra mim.
- Prazer. - Ignoro sua gentileza e começo a andar. Ele me puxa pelo braço e nos deixa cara a cara. Ele me encara profundamente e eu desvio o olhar.
- Ok, isso aqui não é um filme, não é porque a gente se esbarrou no corredor que vamos nos apaixonar, ou algo do tipo, então se você não se importar, dá pra me soltar?
- Obrigada. - digo depois que ele solta meu braço e sorri. - Tá rindo de que?
- Você deveria ver sua cara de raiva enquanto cuspia essas palavras ensaiadas na minha cara.
- Pode ter certeza que não foi mais ensaiada do que essa cena que você planejou. - Deixo ele sorrindo sozinho e começo a andar sem dizer mais nada. Quando olho pra trás, Puck ainda está me observando.
Ao passar pelo corredor, uma lista com alguns nomes me chama atenção. “Glee Club”, anunciava a lista. No meio dos nomes encontro dois conhecidos: Kurt Hummel e Noah Puckermann. Assino meu nome embaixo dos mesmos e dou meia volta. Um clube coral, será que é uma boa ideia? Talvez… Seria ótimo pra me distrair, ocupar minha cabeça, afinal eu adoro cantar e principalmente tocar, não vejo como dar errado.
Vou pra minha aula de biologia. Os três primeiros tempos realmente passam rápido demais. Quando estou andando pelo corredor, Kurt me dá um susto.
- Mas que mundo pequeno!
- Kurt! - grito como se fosse uma criança acabando de ganhar um presente. Ambos riem.
- Glee Club, né?! Sabia que você iria se inscrever. - diz ele e eu me lembro da noite passada quando ele me “flagrou” cantando. - Nós vemos depois das aulas. - diz ele e eu levanto uma das minhas mãos assentindo. Guardo alguns livros no armário e quando fecho a porta do mesmo. A loira semi-nua me surpreende.
- Meu nome é Quinn Fabray. - diz ela me cumprimentando. O que essa oxigenada queria, afinal?
- Sorte sua - retruco e saio andando, a loira me segue.
- Por que a pressa?
- Por que você me seguindo? - retruco de novo.
- Olha aqui sua novata, eu vi você com Puck mais cedo e pode tirar o seu cavalinho da chuva, ok? Porque se eu ver vocês de novo…
- Você não vai ver, então faz o favor de tirar você e esse pedaço de roupa da minha frente porque estou afim de passar - digo e saio andando deixando a loira atrás de mim.
- O que foi isso? - diz Kurt me fazendo pular.
- Qual é Kurt? Você tem um GPS ou alguma coisa do tipo? - digo e ele sorri.
- Parei pra assistir isso. Tive que parar quando eu vi Quinn se aproximando do seu armário.
- Garotas desse gênero não crescem pra cima de mim.
~~~~~*~~~~~
Quando chego na sala de Glee, todos já estão sentados em cadeiras enfileiradas, Kurt quando me vê, acena e dá um tapinha na cadeira vaga do lado dele.
- Ora, ora, parece que temos uma novata! - anuncia o homem de cabelo encaracolado e seu sorrisinho de canto, e muito atraente para um mísero professor. - Will Schuester.
- Alexis Carlsson. - digo estendo minha mão para cumprimentá-lo e vou correndo para o lado de Kurt. Na minha frente está a loira oxigenada, Quinn, cercada de mais duas meninas com a mesma roupa que ela, uma morena e outra loira, ambas com um rabo de cavalo no topo da cabeça.
- Bom, como já estamos perto das regionais e já fizemos bastante coisa e temos quase tudo pronto, a tarefa da semana vai ser bem fácil. Vocês devem cantar músicas que tem a ver com vocês, que vocês gostam e que te façam sentir bem e… - faço Will parar estendendo meu braço.
- Pois não Alex?!
- Posso começar?
- Mas já? Claro que pode, perfeito! - Pego meu violão e me levanto, arrasto um banquinho do piano ao centro da sala e me sento no mesmo e respiro profundamente.
Comparisons are easily done once you’ve had a taste of perfection(…) - começo a cantar. Escolhi “Thinking Of You” da Katy Perry, porque é uma música que me fez e me faz pensar muito sobre a minha família, pelas perdas que eu tive, pelas burradas que eu cometi, pelas paixonites pela qual já me iludi. A música me deixou levar e eu alcancei notas pelas quais me surpreendi. - Cause in your eyes I’d like to stay, stay… - terminei a canção com uma lágrima imperceptível escorrendo pela maça do meu rosto, a sequei rapidamente a ponto de ninguém conseguir perceber. Aplausos. Will se levanta para me aplaudir e eu coro.
Volto ao meu lugar e me recomponho.
- Arrasou! - sussurra Kurt no meu ouvido e eu estendo minha mãe pra ele bater na mesma.
- Você não vai cantar?
- Não sei, talvez amanhã. Não sei como estou me sentindo no momento, parece tudo tão vago, quanto menos achar uma música que defina isso.
- Como ass…?!
- Vez de Rachel, vamos ouvir - diz Kurt me cortando.
Observo a morena com cara de nerd e nariz avantajado se dirigir ao centro do palco e quando ela começa a cantar “Ge It Right” fico admirando sua voz como uma fã apática. Ela realmente mandava bem e me senti um pouco humilhada. Quando ela terminou, todos aplaudiram. Eu, Kurt, o casal de asiáticos, o de cadeira de rodas, a loira oxigenada e suas seguidoras, o Deus de moicano, o loiro sexy com sua boca de peixe, a negra gorda e o garoto de cabelo preto que está sentado ao lado de Rachel.
O horário do coral acaba e eu estou quase entrando em meu carro no estacionamento quando uma voz me faz parar.
- Alexis? - diz uma voz masculina, me viro e quase perco o ar assentindo - Sam Evans.
- Prazer.
- Você manda muito bem.
- Obrigada!
- Por que você chorou no final da música? - O que? Como assim o boca carnuda conseguiu perceber que eu chorei? Foi quase imperceptível, abri minha boca para me justificar mas ele retruca rapidamente - Não adianta dizer que eu tive uma miragem ou algo do tipo. - sorrio e assinto.
- A lágrima apenas… fugiu…
- Algum motivo especial?
- Não tem nada na minha vida de especial.
- Isso soôu trágico - ambos riem.
- Quer uma carona? - digo quebrando o silêncio.
- Eu moro tão perto daqui, e…
- Entre no carro logo - digo fazendo-o sorrir.

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